Cho(ver)*

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Menino Roberto, deve ter uns sete anos. Ninguém realmente sabe como conhecê-lo, singularmente especial, talvez um desses personagens estranhos. Na casa em que morava, poderiam haver todas as dores e em Roberto, havia fantasia pouco explorada. Ele via, sabia, o que estava por vir, de algum modo. A inocência presenciando aventuras, povos amedrontados, catástrofes, vozes, gritos, sentimentos e a grande chuva, que ele se perguntava se poderia destruir seu lar. O pai, tão perto, tão distante, afeto afetado, qual a chance deles? Criança, criança, pequenez que necessita de um abrigo para crescer. Brilhantes olhos azuis, veja o que pode fazer a si mesmo, no ínicio da vida ainda. As cenas de sua mente, parecem tão reais, como se Roberto fosse o herói (ou a vítima?) de tramas épicas. A casa, a família, agora são o mundo. O que o menino vai levar, se houver salvação? A chuva intensa, realmente devastará? Roberto abraça o pai, traz-lhe o jornal, senta-se alegre ao lado dele. Eles têm apenas um ao outro, a distância deve diminuir, pr'o coração se acalmar. Enquanto Roberto viaja solitário, mundo afora, dentro de si mesmo, tenta dar algum sentido diferente ao tempo calmo que resta, pois, em seu íntimo, algo amedronta inicialmente, mas talvez haja um recomeço, depois que a forte chuva cair.

*Inspirado em "A Hard Rain's A-Gonna Fall", de Bob Dylan.

Que se aprende.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Tirarei o que desatina do meu peito. Já atravessei o caminho íngreme, bati em centenas de portas, mas não há ninguém lá. Por que continuar a seguir, então? Vou pegar a auto-estrada, trocando a mágoa por alegria. Porque agora, de onde estou, vi tudo que antes me foi impossibilitado. Iludiram-me, tiraram meu riso, isso dói, mas vejo que não me cabe a dor. Não mais. Aos ventos calmos vou indo. As noites abafadas, também podem trazer um doce frescor às consciências tranquilas. Por favor, todos os poetas, profetas, artistas de viver, exultem sempre ao amor. Amor com nome, com ideia, utopia, qualquer um e todos eles. E, quando os tempos estiverem difíceis, amor com silêncio, às vezes basta. A mim mesma, amor honesto. Posso juntar o que restou de limpo e então.
Lá se foram os dias perdidos; ainda há uns dias perdidos. E tu que sempre estava a me secar os olhos, tanto fez a mim, quando mal te encontrava. Tens beleza lucida e mansa, teus gestos são bondosos e teu coração totalmente humano, também calejado e grande. É um andar tranquilo ao teu lado. Sim, vou crescendo e deixando morrer o que faz de mim uma triste passageira. Estou longe do mau agouro, vou acordando todo dia, fazendo o que é de ser feito, tomando todos os cafés e chás e precauções para o meu coração. Momentos soturnos foram válidos, até o mais doente desespero foi. Mas não nos cabe isso, não! Por que não vi tuas asas, antes, quando andava às tontas? Não importa, o hoje é uma luta, mas só pelo que nos faz sorrir, e abrirei o mais sincero sorriso quando te ver de novo. Ai! O lado bom do despertar. E disse isso, e repito tudo sempre na minha mente, apenas porque merecemos todo amor que houver nessa vida.