Alice, Alice, Alice...

sábado, 12 de novembro de 2011

Alice ali enroscada no sofá com uma expressão tão singular quanto seus olhos castanhos. Fico a observá-la por um tempo. Lhe pergunto: “Quê tu tens, guria?”. Me olha séria e encabulada: “ Tu deve saber, de fato”. É, eu sabia, sei, conheço Alice como ninguém.
Desde pequena vivendo num universo tão... Alice... Doce, surrealista, agarrada a si mesmo e à tudo que acreditava dar cor aos seus dias. Alice nem cresceu tanto, pra dizer a verdade, mas sua alma tão limpa, já deu sinais de mudança. De realidade terrena e crua e visceral e carnal.
Alice tem seus dias bonitos, em que brinca com alguma criança, ou se encanta em ficar parada olhando pro horizonte da varanda da casa dela.  Não sabe se deixa o cabelo crescer ou se a vida é tão diferente do cinema.
Na cidade que não pertencia – nem ela, nem eu - lhe surge um certo Miguel. Enigmático, complexo, metafórico, irônico. Um Bob Dylan pra ela. Obviamente, Alice morre de amores.
As reviravoltas, confusões, medos lhe atormentam tanto ultimamente. Já nem sabe se e pra onde correr.  A mãe dela não sabe se a deixa ir, muito menos o que ocorre com ela.
Já perdeu o Miguel, já perdeu alguns amigos, já perdeu a fé.
Então ela decide – por ora.
...
Eu sei porque tu tá assim
Alice, Alice, Alice...
Pega tuas roupas
Algumas fotos
E um pouco menos de lembranças.
Fuja.
Alice, Alice, Alice...
Alguém como tu,
Pode ser eu,
Pode ser ela,
Minha mãe ou minha filha.
Alice, Alice, Alice...
Para de chorar
Vai redescobrir teu Sol particular
Vai te alegrar
Apenas
Por ser a Alice.

Nenhum comentário:

Postar um comentário